Um show de bola

Carlinhos Farah, do Força e Saúde e Allan Amorelli, do Paula Freitas se cumprimentam antes do início da instigante partida entre as duas equipes. Entre os atletas, o juiz que, depois do apito final, saiu correndo pela Avenida Atlântica, fugindo da fúria dos jogadores do Paula Freitas.



A perplexidade dos jogadores depois da perfeita cobrança de falta de Carlinhos Farah que resultou num gol belíssimo e mudou a história da partida.

AREIA QUENTE - O final do jogo entre o Força e Saúde e o Paula Freitas teve uma das cenas mais geniais já vistas no futebol de praia de Copacabana. Depois de dar o apito final, encerrando o jogo, o juiz saiu correndo pelo calçadão, com alguns jogadores do Paula Freitas correndo atrás dele. O pique do juiz correndo entre os transeuntes, atravessando a Avenida Atlântica, invadindo o canteiro central, sendo seguido na mesma velocidade pelos jogadores do Paula Freitas foi uma cena inesquecível. Um equilíbrio perfeito entre drama e comédia pastelão. Foi um final de partida apoteótico. Uma partida que pareceu uma ópera de Bizet, tal a sua dramaticidade. Uma partida onde paixão, desejo, redenção, dor, tristeza, sofrimento e amor estiveram presentes, como numa trama de Nelson Rodrigues. Poucas vezes essa grande máxima do esporte definiu tanto uma peleja como no jogo do último sábado: "O futebol não é o fim do mundo. É algo muito maior do que isso".

A partida era decisiva para ambos os times. O Força e Saúde precisava ganhar, para se manter no grupo dos oito e partir para a próxima fase do campeonato. O Paula Freitas precisava da vitória para entrar no grupo dos oito. E foi nesse clima de decisão que aconteceu a partida. O início mostrou equilíbrio técnico e tático entre as duas equipes. Até que, numa pefeita cobrança de faltas, Carlinhos Farah fez um gol antológico. Tomar um gol desequilibrou a equipe do Paula Freitas. Um dos jogadores entrou no desespero, cometeu uma falta braba e recebeu cartão vermelho. A partir daquele instante tudo pareceu difícil para o Paula Freitas, que acabou o primeiro tempo perdendo de 1 x 0 e com um jogador a menos. Enquanto isso o time do Força e Saúde saía de campo vibrando.

O PLACAR ENGANADOR - O segundo tempo mostrou equilíbrio entre as equipes, até que Caô fez o segundo gol. Vibração total da torcida do Força. Desalento o frustração para a galera do Paula Freitas, que estava perdendo de 2 x 0 e tinha um jogador a menos. A partida continuou muito bem disputada pelas duas equipes. Mas existe no futebol uma coisa chamada de "a teoria de André Tourinho". Segundo essa teoria, o placar de 2 x 0 é um placar enganador. É o mais perigoso placar para qualquer time que esteja ganhando. Com 2 x 0 o time que está ganhando sempre relaxa, e o que está perdendo não perdeu a esperança. E o Força e Saúde foi vítima do placar enganador. Relaxou e tomou dois gols.

Deixando bem claro que não estava morto, o Paula Freitas, em jogadas brilhantes e, sejamos sinceros, dignas de aplausos, conseguiu empatar a partida. Foi a grande virada de uma ópera de rara dramaticidade. O time que estava perdendo se aproveitou da "teoria do placar enganador" e conseguiu empatar o jogo com gols sensacionais. A vibração dos jogadores e a felicidade da torcida do Paula Freitas foi nas alturas. Enquanto isso a galera do Força e Saúde não conseguiu conter a perplexidade.

A sorte do Força é que, bem no final da partida, Leozinho conseguiu fazer o gol da vitória. E foi nesse momento que a partida ficou tensa. Jogadores do Paula Freitas contestaram o gol e foi criada uma animosidade com o juiz, que manteve o placar e, ao dar o apito final, saiu correndo pela Avenida Atlântica, numa autêntica cena de cinema pastelão.

Com a vitória de 3 x 2 sobre o Paula Freitas o Força e Saúde conquistou o quinto lugar da tabela atrás dos times América do Lido, Juventus, Racing e São Clemente. No próximo sábado o jogo é contra o Copacabana, no Campo da Rua Duvivier.

É Força e é Saúde!